Pedro busca um doador de medula óssea compatível. Foto: Blog Casa do Pedro
Pedro tem um ano e sete meses de vida e já passou por muita coisa.
Próximo ao primeiro aniversário, ele foi diagnosticado com leucemia
(doença maligna que atinge os glóbulos brancos e não tem origem
conhecida) e desde então busca um doador compatível.
Aos seis meses de vida começaram os primeiros sintomas. As alergias
comuns desde o nascimento se tornaram mais severas. Pedro aprendeu a
andar, mas logo a doença o fez parar. Os primeiros atendimentos médicos
foram realizados na rede privada, entretanto, assim que o diagnóstico da
leucemia foi comprovado, o pequeno foi encaminhado para atendimento no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira, do Hospital da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ).
A mãe de Pedro, Júlia Ribeiro, contou ao Blog da Saúde
que ao chegar ao hospital já havia uma equipe médica à espera do bebê.
“A maior parte do sucesso no tratamento do Pedro se deve ao atendimento
recebido. No mesmo dia que ele chegou ao hospital já recebeu o
medicamento que fez com que, quatro dias depois, os leucócitos já
tivessem praticamente em níveis normais”.
Depois de feito um estudo sobre o tipo de leucemia que atinge Pedro, e comprovada a necessidade de um doador de medula óssea, ele foi inscrito no Sistema Nacional de Transplantes.
Os pais, que não são doadores compatíveis, começaram a usar as redes
sociais para incentivar outras pessoas a se cadastrarem no sistema e
assim acharem uma pessoa compatível com Pedro.
Por meio do blog casadopedro.blogspot.com
os pais do pequenino informam sobre o tratamento, dão dicas a outros
pais, e fazem campanha em busca angariar mais doadores de medula.
“Qualquer pessoa do mundo pode ser compatível com meu filho, mas a gente
só vai saber se for atrás, buscar e fizer campanha”, ressalta Júlia.
Mas há pouco tempo a família passou por um drama. Em dezembro foi
encontrado um doador compatível para o Pedro, e os exames
pré-transplante começaram em janeiro. Porém, o doador desistiu do
procedimento e Pedro continua a fazer a quimioterapia para combater a
doença. Júlia ainda não entende direito o motivo da desistência. “É
difícil a gente pensar que a pessoa desistiu”.
Atualmente Pedro está no final do processo quimioterápico. Mesmo
tendo que ficar recluso em casa e passando por uma fase delicada da
doença, ele já está mais forte e com os cabelos voltando a crescer.
Júlia está grávida novamente e a esperança é de que o irmãozinho que
está por vir possa ajudar na cura de Pedrinho.
Como se tornar um doador de Medula Óssea –
Atualmente o Brasil possui o terceiro maior banco de doadores de medula
do mundo. Para se tornar um doador de medula óssea basta ter entre 18 e
55 anos e estar em bom estado de saúde. É possível se cadastrar nos Hemocentros de todo o país.
Foi assim que a estudante Flávia Piovani se tornou doadora de medula
óssea. Quando passou para engenharia na UERJ, em 2005, o trote proposto
aos novos alunos era que todos fizessem uma doação de sangue e se
cadastrassem voluntariamente como doadores de medula óssea no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME). “Em 2006 o Inca (Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva)
me ligou dizendo que tinha um receptor e que eu podia ir lá para fazer
os exames. Fui até o Inca e fiz mais um exame de sangue, para um estudo
mais aprofundado e então comecei o processo”.
Existem três tipos de doação de medula: o
de coleta de medula direto do osso da bacia, transplante de sangue
periférico e o de utilização de cordão umbilical. A equipe médica é que
define qual o melhor jeito de realizar a doação. O método mais comum é o
de coleta da medula direto do osso. Neste procedimento fica garantida a
quantidade suficiente de medula para realização do transplante. Este
procedimento é feito em centro cirúrgico, sob anestesia peridural ou
geral, e requer internação por um mínimo de 24 horas. Normalmente, os
doadores retornam às suas atividades habituais depois da primeira
semana.
O método escolhido por Flávia foi o do sangue periférico. Nele é
feito uma filtragem do sangue, por meio de hemodiálise e de
medicamentos, para limpeza e produção de glóbulos brancos suficientes
para a doação. “Enquanto eu tomava os remédios eu tive alguns sintomas
como dores na lombar e dor de cabeça, mas nada que me prejudicasse”,
ressalta a doadora.
A coordenadora substituta do Sistema Nacional de Transplantes, Amélia
Trindade, explica que o método do sangue periférico é um pouco mais
demorado porque tem que captar estas células do sangue. “Este método é o
mais seguro de sucesso, porém nem sempre é efetivo”.
Flávia contou que não conheceu a pessoa para quem doou, mas que se
sentiu muito orgulhosa em saber que ajudou a salvar uma vida. “Eu tinha
muito medo, muitas dúvidas, eu não sabia se o que iam tirar de mim me
faria falta. Hoje, eu tenho certeza que não me faz falta alguma. Depois
de duas semanas eu voltei para fazer alguns exames para ver se depois da
doação estava tudo normal. Estava tudo certinho. E eu posso ir lá
outras vezes: quem sabe eu não dou a sorte de ser doadora de outra
pessoa de novo?!”.
O transplante de medula óssea é a única esperança de cura para muitos portadores de leucemias e outras doenças do sangue.
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Ilana Paiva / Blog da Saúde
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